Presbiterianos condenam o Acordo Brasil-Vaticano

sábado, 31 de outubro de 2009

A Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) manifestou-se contra a aprovação do Acordo Brasil-Vaticano por ferir a laicidade do Estado brasileiro, cercear a liberdade religiosa e assegurar privilégios. Emitido pelo Supremo Concílio, o documento critica ainda a discriminação religiosa, o desprezo pelos demais credos e pela cidadania de ateus e agnósticos.

A reportagem é de Antonio Carlos Ribeiro e publicada pela Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 30-10-2009.

Para os presbiterianos, o Acordo firmado entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé, em 13 de novembro de 2008, atenta contra a laicidade do Estado e cerceia a liberdade religiosa, ao manifestar “preferência e conceder privilégios” a uma instituição religiosa.

Afirma que o Vaticano é um Estado teocrático, fato que compromete acordos sobre assuntos referentes à fé, por atentarem contra o princípio da separação entre Estado e Igreja, conquistado pela nação. O Acordo legitima a noção teológica de tratar-se do “cristianismo verdadeiro”, do qual a Igreja Católica ela se julga “exclusiva detentora”, citando a Declaração Dominus Iesus.

O documento da IPB observa que “por ser o Vaticano um Estado, não pode impor ao Estado brasileiro a aceitação de sua religião” e nem exigir “privilégios e vantagens diferenciadas” que, por constarem na redação, tornam o Acordo inconstitucional e o impedem “de prosperar num Estado democrático de direito”, pois fere o princípio constitucional da isonomia. Acrescenta ainda que a expressão “O ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas” é discriminatório, pois a Constituição da República preceitua: “O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental”.

Essa discriminação não é atenuada pela Lei Geral das Religiões – Projeto de Lei n.º 5.598/2009 e o PLS 160/2009 – aprovado pela Câmara Federal e pelo Senado, já que ele é “mero espelho do Acordo, incorre nos mesmos equívocos de inconstitucionalidade e desprezo à laicidade do Estado brasileiro, estendendo as pretensões da Igreja Católica Apostólica Romana a todos os demais credos religiosos”. Por essas razões, a IPB se manifesta contra a aprovação do referido Acordo e de qualquer norma legal que privilegie uma religião ou denominação religiosa, em detrimento de outras, e que desconsidere a cidadania dos brasileiros que são ateus e agnósticos.

Ignacy Sachs critica venda de créditos de carbono e defende dirigíveis

Desenvolver mantendo a floresta preservada. O desafio está sendo debatido desde ontem na Estação Gasômetro, no III Encontro Anual Fórum Amazônia Sustentável, que termina hoje. Durante o evento, foi assinada uma Carta Aberta ao Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pedindo que ele e seus ministros conclamem os demais líderes mundiais à importância da elaboração de uma acordo 'ambicioso, justo e com força de Lei', em Copenhague. Estudiosos, organizações sociais, governos, empresários e Organizações não Governamentais (Ongs) participam do evento, último realizado no Brasil antes da Conferência do Clima, no mês de dezembro, em Copenhague, na Dinamarca.

A notícia é do jornal O Liberal e reproduzida por Amazonia.org.br, 30-10-2009.

Entre os convidados de ontem, um nome que virou referência no assunto, sendo considerado mundialmente como um dos maiores especialistas em desenvolvimento sustentável: professor Ignacy Sachs, da Escola de Altos Estudos Sociais de Paris. Na ocasião, Sachs falou da importância do zoneamento ecológico-econômico; da certificação de origem de produtos; da necessidade da melhoria das condições de transporte. Sachs também criticou a venda de créditos de carbono.

'Se o meu vizinho polui e eu começo a tossir, eu não vou parar de tossir quando ele comprar um pedaço da floresta e continuar poluindo. Nós temos que resolver esses problemas através de projetos e não de programas individuais de compra ou venda de carbono', disse Ignacy Sachs, durante a palestra de abertura.

O especialista acredita que um dos caminhos para tentar resolver o problema seria avançar na política de zoneamento ecológico-econômico. Mas ele lembra da necessidade de fiscalizar a área envolvida. 'Não é suficiente fazer apenas um documento. Vamos em seguida fazer um monitoramento da execução ou não execução da área zoneada. Poderia ser o caso de se instituir um certificado obrigatório', sugeriu.

Para Sachs, outro grande problema diz respeito ao transporte. 'Toda a construção de estrada deveria ser acompanhada de um plano de aproveitamento da linha por onde essa estrada vai passar', disse o professor, que defendeu a maior utilização do transporte fluvial e, inclusive, a utilização de dirigível na região. 'Transportar produtos perecíveis da Amazônia para o Sul do país é quase insustentável', afirmou. Além de Ignacy Sachs, o Fórum contou ainda com a participação de Rubens Gomes, do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA); do executivo Fabio Abdala, da Alcoa e do professor José Eli da Veiga, da USP.

O Exemplo de Celso Furtado

O economista Celso Furtado recusou convites milionários para trabalhar no setor financeiro depois de passar pela vida pública. A afirmação é do historiador Luiz Felipe de Alencastro em introdução na edição comemorativa dos 50 anos do livro Formação Econômica do Brasil. O comentário é de Fernando Barros e Silva em artigo no jornal Folha de S.Paulo, 31-10-2009.Eis o artigo.
Celso Furtado (1920-2004) escreveu Formação Econômica do Brasil, sua obra mais decisiva e influente, entre novembro de 1957 e fevereiro de 1958. Estava em Cambridge, na Inglaterra, onde permaneceu por um ano. Redigidas à mão cerca de 400 páginas, o economista procurou por semanas quem as datilografasse. Em vão. Decidiu então despachá-las ao Brasil num envelope.
A caminho do correio, um amigo o convenceu a microfilmar o manuscrito.Tempos depois, Furtado constatava que o pacote havia se extraviado. Apreensivo, foi à versão filmada sem saber ainda se era legível. Sim, era. Com uma Olivetti recém-comprada, datilografou, uma a uma, as páginas do livro, aproveitando para tornar o texto mais claro e conciso.Gato escaldado, decidiu enviar ao Brasil em envelopes separados cada um dos 36 capítulos. Quatro meses depois, trabalho já encerrado, o original foi encontrado num depósito da alfândega do Rio de Janeiro. Considerado material suspeito, estava largado, à espera de inspeção. "Mais do que dos anos de observação e estudo, aprendi com esse episódio o que é o subdesenvolvimento, essa manifestação de idiotice alastrada no organismo social", diria no tomo inicial de sua autobiografia, A Fantasia Organizada.
Essa história é narrada pela jornalista e tradutora Rosa Freire D'Aguiar Furtado, viúva de Celso, na apresentação da edição comemorativa dos 50 anos do livro, recém-lançada pela Cia. das Letras. Na introdução, o historiador Luiz Felipe de Alencastro lembra que Furtado, "pensador, professor, homem de Estado", recusou convites milionários para trabalhar no setor financeiro depois de passar pela vida pública. Idealizador da Sudene e ministro do Planejamento de João Goulart, retornou à sala de aula.Ex-ministros tucanos que viraram banqueiros e petistas de Estado que hoje atuam como lobistas do capital alheio devem ter tempo de sobra para ler e refletir sobre esse clássico da interpretação do Brasil.

''Eles ganham menos e estão mais dispostos a doar''

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Alberto Carlos Almeida, diretor do Instituto Análise, tem experiência em pesquisar o comportamento dos brasileiros. Além de se autor dos livros A Cabeça do Brasileiro e A Cabeça do Eleitor, ele dirigiu as pesquisas de opinião da Fundação Getúlio Vargas e da Ipsos. Para ele, não existem dúvidas de que o vigor econômico das igrejas pentecostais e neopentecostais, bancado pelas doações dos fiéis, fortalece politicamente o grupo evangélico.

A entrevista é publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 11-10-2009.

"Parte desse dinheiro é usada para financiar campanhas. A tendência é essa influência aumentar. Os evangélicos estão se capitalizando mais ao longo dos anos", diz Almeida,

Eis os principais pontos a seguir.

SURPRESA

Havia a suposição de que os evangélicos doam mais dinheiro que os católicos. O que não se sabia é quanto mais eles davam. A recente prosperidade das igrejas evangélicas pentecostais é visível. Os templos são enormes. Elas têm recursos para investir em redes de rádio e televisão. A surpresa vem do fato de os pentecostais terem uma renda menor do que a dos católicos e a contribuição ser bem maior. Eles ganham menos e estão mais dispostos a doar.

RELIGIÃO EMERGENTE

O pentecostalismo no Brasil hoje é uma religião emergente em termos de recursos financeiros. É como se, do ponto de vista econômico, o catolicismo fosse a Europa e o pentecostalismo a Coreia do Sul.

CAMPANHAS

É um faturamento mensal alto com uma margem de lucro brutal. Pelo panorama político, parte desse dinheiro é usada para financiar campanhas. Está cheio de candidatos evangélicos nas eleições. E os candidatos não-evangélicos vivem cortejando as igrejas evangélicas.

DEFESA DA CAUSA

O candidato, se eleito, não precisa nem pertencer à religião, mas ele vai defender as causas dos evangélicos. Hoje no Brasil, vejo uma disputa por hegemonia entre a Igreja Católica e os evangélicos. A grande diferença é que os evangélicos são fragmentados. O dinheiro vai picadinho para várias igrejas. Mas é fato que eles estão com mais dinheiro na mão. E isso é usado para numa eventualidade financiar candidatos e pressionar governos.

MENOR ARRECADAÇÃO

Podemos fazer uma reflexão. O catolicismo pede dinheiro envergonhadamente.

PERSUASÃO

O pentecostal ao arrecadar tem uma coisa de persuasão, de dizer "dê o dinheiro que Deus vai lhe dar de volta". Ela mistifica resultados que não são divinos. A pessoa começa a frequentar, por exemplo os Alcoólicos Anônimos, e consegue parar de beber. Ela atribui isso a Deus. O pastor vai dizer: "Viu? Você deu o dinheiro e Deus agiu. Então, continue dando mais dinheiro." O padre católico não faz isso. E acho que ele não fará. Isso é um limite para arrecadação dos católicos. É preciso pensar em outra estratégia.

Doações de evangélicos superam R$ 1 bi por mês

As igrejas evangélicas no Brasil recolhem por mês entre seus fiéis mais de R$ 1 bilhão - precisamente R$ 1.032.081.300,00. A Igreja Católica, que tem mais adeptos espalhados pelo País, arrecada menos: são R$ 680.545.620,00 em doações. Os números estão na pesquisa sobre religião realizada pelo Instituto Análise com mil pessoas em 70 cidades brasileiras.

A reportagem é de Márcia Vieira e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 11-10-2009.

Entre os evangélicos, as igrejas que mais recolhem são as pentecostais, como a Assembleia de Deus, e neopentecostais, como a Universal do Reino de Deus. Seus cofres engordam mensalmente com doações que chegam a quase R$ 600 milhões. Cada fiel doa em média R$ 31,48 - mais que o dobro das esmolas que os católicos deixam nas suas paróquias (R$ 14,01).

Os evangélicos não-pentecostais, chamados de históricos (presbiterianos e batistas, por exemplo), são os mais generosos. Doam em média R$ 36,03, o que dá um faturamento mensal de R$ 432.576.180,00 às igrejas.

E para onde vai tanto dinheiro? Alberto Carlos Almeida, diretor do Instituto Análise, aposta que os políticos são um dos destinatários. "Parte desse dinheiro é usada para financiar campanhas. É só reparar no aumento dos candidatos evangélicos e no fato de os não-evangélicos cortejarem as igrejas nas campanhas."

A pesquisa mostra que o número de católicos continua em declínio. No Censo de 2000, eram 73,77% da população ante 15,44% de evangélicos. Nessa pesquisa, o número de católicos caiu para 59% e o de evangélicos subiu para 23%. "Ou seja, dois em cada dez brasileiros são evangélicos", diz Almeida.

O cientista político Cesar Romero Jacob, autor do Atlas da Filiação Religiosa e Indicadores Sociais no Brasil, se diz surpreso com a queda de "15 pontos porcentuais" no número de fiéis da Igreja Católica. Mas não tem dúvida sobre a força dos pentecostais e neopentecostais no voto do brasileiro.

Depois de analisar o mapa eleitoral das últimas cinco eleições presidenciais constatou que Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva usaram a mesma estratégia para vencer. Nos grotões do Nordeste, fizeram aliança com as oligarquias. Nas periferias, acordos com pastores e partidos populistas. "O debate político é intenso sobretudo na classe média das grandes cidades. Nos grotões e na periferia o que funciona é a máquina. Seja ela das igrejas pentecostais, dos populistas ou das oligarquias."

Figura polêmica, o Bispo Macedo, fundador da Universal do Reino de Deus, é conhecido pela maioria dos brasileiros. Mas sua imagem não é das melhores. Para 70% dos entrevistados, "ele usa o dinheiro da Universal para enriquecer". Entre os próprios evangélicos, 57% têm essa impressão. E 18% dizem que "ele é bom e tudo o que faz com o dinheiro da Universal é para o bem de seus fiéis".

A pesquisa mostra que a estratégia de recolher doações funciona muito bem, sobretudo na Universal. "Os pastores falam de dinheiro o tempo todo", constata a antropóloga Diana Lima, do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio, o Iuperj. "Além do dízimo, os fiéis são estimulados a fazer propósitos com Deus e pagam por isso."

O Bispo Macedo, que responde a processo criminal por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, levou ao máximo a Teologia da Prosperidade, criada por americanos no início do século XX. "A relação com Deus é de contrato. Não se espera a salvação para depois da morte. O que interessa é o aqui e agora", analisa Diana, que há cinco anos frequenta cultos, para entender o que move uma pessoa pobre a doar o pouco que tem para Macedo e seus pastores.

Diana defende a tese de que a Universal estimula o empreendedorismo dos fiéis. "Não é aquele negócio de pedir uma casa a Deus e ficar esperando que caia do céu. Não. Eles querem oportunidades. E sobretudo não querem mais ser humilhados."

Ela destaca que os pastores falam muito nisso. "Quem tem dinheiro se locomove confortavelmente no seu carro, não passa pela humilhação de andar no trem." O discurso se baseia na lógica do dinheiro. "Os fiéis investem agora, dando dinheiro à igreja nesse acordo com Deus, para ter o lucro lá na frente."

Diana comprovou que os fiéis não se incomodam com o enriquecimento dos pastores. "Uma das explicações é que o pastor está num lugar santificado. Então, faz sentido estar economicamente bem." Quando ouvem acusações de desvio de dinheiro, como a que levou o casal de bispos Estevam e Sonia Hernandes, líderes da Igreja Renascer, para a cadeia, preferem não julgar. "Os fiéis acham errado, mas defendem que cada um tem de se preocupar com seu compromisso diante de Deus. Isso não desautoriza a igreja."

Para Diana, os fiéis aprovam o uso político do dinheiro doado. "Acreditam que o Brasil está perdido. Que as drogas, o alcoolismo, a violência são coisas do mal. Portanto, ter na condução da sociedade alguém alinhado com a palavra de Deus é bom", explica. "Logo, precisam ter representação política."

Igreja investiga se dançarina pode se tornar santa

A Diocese de Santo André coleta informações sobre Vanilda Sanches Béber, dançarina e professora de dança morta em 1958, para verificar se ela tem fama de santidade. É o primeiro passo para o início da causa de beatificação e canonização, que começa com um processo diocesano, a ser aberto pelo bispo, d. Nelson Westrupp, e segue para o Vaticano.

A reportagem é de José Maria Mayrink e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 11-10-2009.

Vanilda está sepultada no Cemitério da Saudade, em um túmulo coberto de placas com os agradecimentos de devotos que dizem ter alcançado graças por sua intercessão. Dezenas de mensagens são endereçadas à sua mãe, Eunice Sanches, de 89 anos, com testemunhos de pessoas de todo o País, principalmente do interior paulista.

"Muita gente visita o túmulo de Vanilda para pedir a Deus algum favor e até milagre por intermédio dela e de Nossa Senhora Aparecida", informa Eunice. Desde que Vanilda morreu, a mãe coleciona pastas e álbuns com documentos e fotos. Esse é o ponto de partida para a pesquisa que o padre Décio Gruppi, chanceler da Diocese de Santo André, faz por ordem do bispo.

O trabalho é difícil porque muita gente que conheceu Vanilda já morreu e alguns registros importantes se perderam. "O fato de a moça ter sido dançarina e ter morrido depois de um aborto faz do caso uma situação peculiar", afirma padre Décio. A Igreja vai investigar a fundo antes de elevar a dançarina aos altares e precisa ter a certeza de que o aborto foi espontâneo e não provocado.

Vanilda casou-se em abril de 1958, antes de completar 15 anos, engravidou três meses depois e morreu em outubro do mesmo ano, após perder a criança. "Era uma menina muito atenciosa com todos e foi muito caridosa, sempre disposta a atender aos pobres que batiam à porta de nossa casa", lembra Eunice. "Uma semana depois de sua morte, ela me transmitiu em sonho uma oração para quem quisesse recorrer à sua intercessão."

A oração, transcrita com as palavras que Eunice diz ter ouvido, pode ser lida em uma placa colada na parede do túmulo. Um trecho do texto, sem correções: "Meu Deus, eu vos peço de todo coração para que vós e Nossa Senhora me dê o direito e força para atender todos que ficaram na terra orando por nós. Meu Deus, eu vos peço que todos que pedirem em meu nome, Vanilda, que sejam atendidos com vossas divinas graças e Nossa Senhora Aparecida".

A fama de santidade de Vanilda, segundo sua mãe, começou a crescer durante o velório,quando uma mulher de azul, que ninguém conhecia, aproximou-se da urna e, depois de acariciar o rosto dela e passar a mão num crucifixo, comentou que ela já estava no Céu. "A mulher, que acreditamos ser Nossa Senhora, nunca mais foi vista", disse Eunice.

"Não é por ter sido dançarina que Vanilda não pode ser santa", observou a irmã Célia Cadorin, freira que atuou como vice-postuladora nas causas de canonização de Madre Paulina e de Frei Galvão, os primeiros santos brasileiros. Residente agora em São Paulo, depois de muitos anos em Roma, irmã Célia conversou com padre Décio e com familiares de Vanilda sobre a eventual abertura do processo em Santo André.

FAMA

O primeiro passo, insistiu irmã Célia, é constatar a fama de santidade. "Se há tantas placas (são mais de 200) no túmulo, que é visitado por tanta gente, isso é fama de santidade", disse. Ela se pôs à disposição dos interessados para trabalhar na causa de Vanilda, mas avisou que não se pode fazer nada sem aprovação do bispo diocesano. D. Nelson encarregou padre Décio de coletar informações, mas não parece ter pressa.

"Vanilda era dançarina e professora de dança clássica, frevo, sapateado e bailado espanhol, mas nunca dançou com as pernas de fora", disse Eunice. Convidada a se apresentar na televisão e em várias emissoras de rádio da capital e do ABC, a moça sempre abriu mão de cachês. Pedia que o dinheiro fosse distribuído aos pobres.

Padre Décio lembra que, pelo fato de ser dançarina, Vanilda não entrou na Associação das Filhas de Maria. Foi rejeitada, apesar de seu pai, o espanhol Antônio Sanches, torneiro mecânico e líder sindical, ter sido congregado mariano. "Quando Vanilda morreu, meu marido não gostava nem que se falasse de milagres", lembra Eunice.

A devoção começou em casa. Tias e primas de Vanilda recitavam a oração que ela ditou para a mãe em sonho e pediam ajuda em situações difíceis. "Sempre rezo e sou atendida", disse Sueli Guanetti, uma das primas, residente em Bauru. Eunice distribuía entre parentes e amigos que a procuravam vidros com óleo e água benta.

São testemunhos que padre Décio deve levar em consideração, mas ele quer achar outras pessoas que tenham conhecido Vanilda. Ele acha importante conseguir algum documento sobre a internação da moça no hospital em que morreu para saber como foi o aborto. Como a Igreja condena a prática, é preciso ter certeza de que não tenha sido provocado.

A prefeitura de Santo André acompanha a história pela projeção que dá à cidade. O Serviço Funerário Municipal incluiu o nome dela entre as personalidades no Cemitério da Saudade, que comemora seu centenário.

O túmulo de Vanilda fica a poucos metros da sepultura do ex-prefeito Celso Daniel, morto em 2002.

Obama renova promessa a homossexuais

O presidente dos EUA, Barack Obama, prometeu acabar com a proibição de homossexuais servirem abertamente nas Forças Armadas do país. O anúncio foi feito na noite de ontem em um discurso para organizações GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transexuais) reunidas em Washington.

A notícia é de Gustavo Chacra e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 11-10-2009.

"Eu terminarei o "não pergunte, não fale"", disse o líder americano em meio a aplausos de centenas de presentes. Segundo esta política, ainda vigente, militares não podem dizer que são homossexuais caso queiram permanecer no Exército, na Marinha ou na Aeronáutica. Tampouco podem ser questionados sobre as suas orientações sexuais por seus superiores.

Logo depois do discurso, houve uma divisão entre os líderes de organizações GLBT. Alguns afirmavam estar satisfeitos com a atitude de Obama. Outros disseram para a rede de TV CNN que esperavam o estabelecimento de um calendário para a eliminação da lei, que foi aprovada há 16 anos, durante o primeiro mandato do presidente Bill Clinton.

"Nós não devemos punir patriotas americanos que querem servir o país. Devemos celebrar a vontade deles em dar um passo adiante mostrando coragem, especialmente quando lutamos em duas guerras", afirmou o presidente, em um momento que o seu governo precisa decidir se enviará mais 40 mil soldados ao Afeganistão. Até hoje, 12 mil soldados foram dispensados das Forças Armadas por terem afirmado que são homossexuais.

Alguns deles possuem habilidades especiais, como fluência em árabe e outras línguas importantes do Oriente Médio e do norte da Ásia.

PEDIDO DE PACIÊNCIA

Obama acrescentou que as mudanças não serão rápidas e pediu paciência aos grupos de defesa dos direitos homossexuais para que conquistem todos os avanços necessários. "Muitos de vocês não acreditam que o progresso veio rápido o suficiente. Mas não tenham dúvida de que seguimos na direção e o objetivo será alcançado", disse o presidente, que recebeu, na sexta-feira, o Nobel da Paz.

Segundo o chefe da Casa Branca, sua expectativa "é de que um dia vocês [OS GLBT]olhem para estes anos e vejam um momento em que acabou a discriminação, seja nos seus escritórios, seja no campo de batalha". "Estou aqui com uma mensagem simples: Estou aqui para lutar com vocês", acrescentou.

Richard Socarides, que aconselhava Clinton em políticas para os homossexuais, disse para a agência de notícias Associated Press que o discurso de Obama "teve um tom forte, mas foi muito vago". Cleve Jones, um dos ativistas mais respeitados do tema, disse que Obama fez um discurso "brilhante", mas ressaltou que o presidente não respondeu à principal questão: quando a promessa será concretizada. "Ele repetiu promessas que fez antes, mas não indicou quando realizará esses objetivos - e nós já esperamos há algum tempo", afirmou Jones.

Hoje, em Washington, está prevista uma grande manifestação pelos direitos dos homossexuais. De acordo com o New York Times, os GLBT estão divididos. Há os que defendem a manutenção da política de lutar pelo casamento entre homossexuais Estado por Estado. Outros preferem levar para o âmbito nacional, aproveitando o mandato de Obama e a ampla maioria democrata no Congresso, mais inclinada a apoiar o direito dos homossexuais.

 
 
 

Metas que devo cultivar diariamente:

1 - Amar a DEUS acima de todas as outras coisas.

2 - Amar o meu PRÓXIMO como a mim mesmo.