Desenvolvimento Econômico por Adam Smith*

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Em sua obra máxima, A Riqueza das Nações, Adam Smith, filósofo escocês e pai do liberalismo econômico, estudou um tema ainda hoje bastante recorrente, o Desenvolvimento. Apesar da maioria dos enfoques de estudiosos caírem sobre a questão da Teoria do Valor, a mesma não é a questão central do livro. Nesse artigo, pretendemos revisar, basicamente, o que esse Clássico nos deixou de contribuição sobre o assunto.

1) A Função de Produção

Smith reconhecia três fatores de produção numa economia: Terra, Capital e Trabalho, sendo que somente este último, segundo ele, era capaz de ser usado como medida de valor. Cada um desses fatores gerava uma contrapartida em rendimentos que são, respectivamente, Renda, Lucros e Salários. Tal função é sujeita aos Rendimentos Crescentes de Escalas, ou seja, os custos reais de produção tenderiam a diminuir com a evolução da divisão de trabalho dentro do processo produtivo.
Nesse contexto, Smith relacionava diretamente a produtividade com a divisão do trabalho, quando maior esta, maior aquela e vice-versa. Mas de que forma a divisão do trabalho influenciava a produtividade? O autor enumerou três fatores:

a) Aumento da destreza de cada trabalhador: com o exercício repetitivo de determinada função, o trabalhador tornava-se, por fim, um expert na realização da mesma.
b) Economia de tempo: com a divisão minuciosa de tarefas, o empregados deixavam de desperdiçar aquele tempo necessário de passar de uma tarefa a outra. Esse tempo, em termos acumulados, aumentava a produtividade.
c) Modernização da produção: maior estímulo a inserção de novas máquinas dentro do processo produtivo.

Entretanto, a divisão do trabalho também possui seu próprio limite, que é dado pela extensão do mercado, uma vez que “quando o mercado é muito pequeno, ninguém se anima a dedicar-se inteiramente a uma ocupação,por falta de capacidade para trocar todo o excedente produzido pelo seu trabalho, bem maior que seu próprio consumo, pela parte que necessita dos resultados do trabalho de outro homem”, por sua vez, o tamanho do mercado vai depender do capital (maquinaria e ferramentas a disposição do trabalhador) e da regulamentação do comércio interior e exterior (muitas restrições atrapalham o comércio, segundo ele).
Esta última, vamos chamá-la de variável “Instituição”, apesar de ser de extrema importância dentro da nossa teoria (vamos confirmar isso na Conclusão), é dada como exógena. Não se resolve dentro da própria função, mas é um fator externo ao modelo. Agentes externos (leia-se Governos) é quem detêm o poder de decisão sobre essa variável.
A variável “Terra” é dada como constante, Smith não tinha a visão que hoje temos acerca do uso degradante dos recursos naturais nem sobre os recursos não-renováveis, isso o fez considerar como a oferta da Terra como variável fixa.

2) Força de Trabalho:

Smith a analisa a oferta de trabalho sobre dois ângulos, o da oferta e da demanda.
A oferta de trabalho depende, evidentemente, do tamanho da população. O crescimento deste vai depender dos níveis de subsistência existentes. Ou seja, a taxa de salário vai ser importante na determinação do crescimento da população.
Por outro lado, a demanda de trabalho é influenciada pelo aumento de fundos designados ao pagamento de salários. Quanto maior a renda total de um país, maior vão ser os fundos destinados ao pagamento de seus salários.

3) Acumulação de Capital

A taxa de investimento numa economia é dada, diretamente, pela taxa de poupança, assim, a decisão dos agente entre consumo e poupança vai influenciar no investimento na economia, pelo fato de que ele usará, futuramente, essa poupança em fatores de produção, ou por ele permitir alguém fazê-lo no presente, através de empréstimos a juros (participação nos lucros). Portanto, o que determina a escolha entre consumo e poupança? Smith dizia que era o interesse em seu próprio lucro. Assim, enquanto houver investimentos lucrativos, haverá acumulação de capital. Porém, sabe-se que o lucro tem um limite: o estoque de capital. De acordo com o autor clássico, na medida em que o estoque de capital cresce, o lucro cai, pois quando todos os investidores decidem destinar suas rendas aos mesmos negócios, a competição mútua irá fazer o lucro cair. A taxa de salários, ao contrário, irá aumentar, pois todos esses investimentos aumentarão a demanda por mão-de-obra.
A queda da taxa de juros diminui a acumulação de capital? Não, pois, ao contrário do que muitos pensam, essa queda não vai diminuir a oferta de empréstimos, vai aumentar pelo impulsionamento da demanda. Afinal, com uma taxa de juros menor, as pessoas estarão mais dispostas a tomar empréstimos. Porém, se a taxa de juros diminuir bastante, Smith considerava que os emprestadores deixariam de viver disso e tornar-se-iam empresários também, aumentando ainda mais a acumulação de capita.
A acumulação tem fim? Sim! Haverá um suposto momento em que o país atingirá o seu nível máximo de Riqueza. Nesse contexto, os investimentos não poderão obter mais lucros do que o risco. Isso fará a taxa de juros descer até o nível mínimo de risco. A acumulação, então, irá parar, a população será constante e a economia terá atingido seu estado estacionário.

4) Conclusão

Smith destacou em todo seu estudo a importância em se frisar a livre regulamentação do comércio, o que ele chamou de “marco institucional”. O comércio sem entraves, dizia ele, era de crucial papel na determinação da taxa de juros real e a taxa de juros mínima de risco. Portanto, defendeu a não intervenção do estado como forma de permitir a auto-regulação do mercado.

(*) Resumo do Capítulo 3 do livro:

ADELMAN, Irma. Teorias do Desenvolvimento Econômico. Rio de Janeiro: Forense, 1972.


por Thiago Holanda


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